terça-feira, 27 de julho de 2010

Relatos de um assalto - Parte 1: O perigo mora ao lado e embaixo.

Semana passada fui assaltada indo pro trabalho e, sendo a terceira vez na vida, não sei não, mas tenho a ligeira impressão de que nasci pra isso. Lamentações à parte, um fato que chamou atenção do povo, além de muitos outros, foi que tudo ocorreu às 10 da manhã. É, gente, mas a situação tá difíci pra todo mundo e a bandidagem não vai perder tempo esperando escurecer para roubar, em minutos, aquilo que demoramos 1 mês pra conquistar e o celular que parcelamos em 12 vezes sem juros no cartão né? Afinal, como dizem por aí "Deus ajuda, quem cedo madruga".
E, além de estar no lugar errado, na hora errada - porque, convenhamos, chegar 10 horas no trabalho, de fato, é uma hora errada - sei qual foi um dos meus erros: fui isca fácil. Provavelmente porque estava assustada com a recepção calorosa de tiros que recebi assim que desci do busão, caminhei como uma mula errante, caipira recém chegada à cidade grande, olhando pra todos os lados e já me imaginando como mais uma estatística de bala perdida nos jornais, o contrário do que faço todos os dias na tentativa de intimidar a pilantrada do pedaço, andando com a cara do Exterminador do Futuro, em plena Av. Brasil.

Fase 2: Depois de me refugiar no barraco de uma senhorinha - como se uma parede fina fosse realmente capaz de me deixar ilesa a um tiro de fuzil, tsc tsc, doce ilusão - os tiros aparentemente cessaram e a próxima fase do jogo, como sempre, é mais difícil. Se caminhar pela Brasex com tiros da favela já é UCU, o que dirá de atravessar uma longa passarela, que me leva, praticamente, pra dentro dela? Foi o dilema que tive, o qual anunciou com letras em neón na minha testa "Ei, estou com medo! Podem me assaltar à vontade!!!", embundecendo ainda mais a minha cara amedrontada.

Encarei as escadas, respirei fundo, orei (sim, eu oro) e munida de toda coragem e intrepidez que descobri que tinha, decidi subir e me arriscar alguns metros do chão, e me senti como aqueles patinhos no parque de diversão, correndo afoitos para não serem atingidos por alguma criança má, sedenta pelo carrinho de controle remoto ou um urso gigante que, com certeza, ela não vai ganhar. No ímpeto de bravura de Xena, a princesa guerreira, eu nem imaginava que o perigo estava na verdade ali embaixo, cheio de crack, com uma peixeira na cintura e o mais importante: com uma camisa do Vasco.

(continua...)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dia do amigo é o meu ovo!

Hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começoou recebi ligação às nove e trinta da madrugada, o que prenunciou um maravilhoso dia de "Verônica no país das maravilhas" e, é cRaro, já me rendeu uns níveis extras de stress porque, pô, é UÓ receber ligação antes das 10 - que fiquem avisados, suas mala - e mais UÓ ainda quando o ligador me ensurdece alguns decibeis, com um estridente grito efusivo.

- Oiiiiii amigaaaaaaaaaaaaaam, parabéns!
- Oi. Parabéns?
- É, amigammmmm. Feliz dia do amigoooooo!
- Ah, pra você também. - respondi com a mesma animação de um boi que vai pro abate.
- Ai, cruzes, amiga.
- Desculpe. Mas quem disse que tu é minha amiga? Tu só me procura quando tá na fossa...

Alguém pode me explicar quem inventou essa palhaçada?! É dia do beijo, dia do amigo, dia do homem, dia de porreta nenhuma. Dá pra parar com essa viadice?
Aviso antes que alguém aqui marque "Eu vaio" ou me ache uma carrasca: Aqueles que são, de fato, meus abigos estão fora desse post, ok?! Nada de depressão. Ah, e a abiga que me ligou também...
O que me enerva é esse zé povin que manda lindas mensagens piscantes e musicais que pesam toneladas no orkut ou enviam textículos sobre amizade no MSN, SMS SPC e Serasa, sem serem meus amigos. No máximo no máximo colegas ou nem isso. Apenas meras pessoas que por algum motivo ou outro eu preciso ter vínculo para manter a civilidade no trabalho, na rua, na família ou na pqp.
Não, nenguin joga no GUGOU "frases de amizade" e sai enviando pra to-dos os infelizes que estão na sua lista de contatos, sem nem ler o que tá escrito e ver se, realmente, aquilo se encaixa no 1 zilhão de pessoas que ele (a) nem sabe o porquê de estarem ali... Aliás, sabem sim: pra dizerem "olhem, como sou popular".
E o que dizer daquelas mensagens acompanhadas de "mande isso para todos os seus amigos. Se receber 5 de volta, você é um babaca solitário. Se mate. Se receber de 6 a 15..." blá blá blá whiskas sachê! Não me manda isso também, carái!
O pior é que nós somos "obrigados" a agradecer ou responder a tão nobre gesto de autoafirmação alheia a fim de evitarmos os mimimis "poxa, você nem me respondeu" ou a antipatia - o que, particularmente, nem faço questão de fazê-lo.

Resumindo para os que não são meus amigos: Me deem presentes. Ou provem sua amizade em outros dias do ano. Caso contrário não precisa me desejar um dia feliz, nem mandar mensagem no msn / orkut, nem o caramba a quatro porque, pra mim, esses dias serão realmente mais felizes quando se tornarem feriados!

Hoje eu sou um poço de alegria! Iupi! Estou muito feliz porque hoje é dia do abigooo!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Nunca atravesse a rua correndo com o sinal aberto, mesmo que um carro esteja longe, menina"

Nunca vi muito sentido nessa recomendação.

"Ahh, fala sério, né, o que poderia acontecer?" - pensava.

This is Sparta Presidente Vargas

Até ficar descalça em plena Presidente Vargas com o sapato esquerdo esparramado no mei da avenida, em meio a buzinas eufóricas e gritos esfuziantes dos hómi. Mas que beleza.

(Tá, eu sei que já escrevi coisas melhores.... Mas, vá, tô sem tempo de postar algo assim, que renda muitos risos e "nassam, como você escreve bem". Isso que dá ficarem me cobrando [oi, alguém aí?], mierda).

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O troco.

Mês passado indo de busão pro jobs, paguei 20 estalecas numa passagem de R$ 3,65, o que gera uma certa ira, principalmente, se isso for às 9 da madruga. Eis que a trocadora me olha com aquela cara de forévis (viu, mãe, sem palavrão) e me dá R$ 16 e brau de volta.
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Tipos que sou boa em matemática, mas confundir-se com a conta "20 - 3,65" é até aceitável quando se está tentando encontrar equilíbrio naquele saculejamento todo do ônibus, com uma bolsa (dizer que é pesada seria redundante, porque a bolsa é de mulher, ou seja, tem batons, perfumes, guarda-chuva e pedra pra me defender) numa mão, um Vade-Mecum (Vá de quê, fessôra? - Vá de jegue, sua anta) na outra e uma sacola com sandália rasteirinha [em caso do Scarpin começar a esmagar meus pés] na outra. Sim tenho 3 mãos.
Daí que fiquei quase a viagem inteira conferindo o troco e perguntei até que simpaticamente:

- Oi. Quanto é a passagI meRmo?
- 3,65 - ela mugiu.
- Ih, acho que você me deu a men....
- Dei 16,35 , colega. - ela interrompeu - Exatamente, o que você deve receber!

Como estava de bem com a vida, apenas me senti uma mula ergui minha sobrancelha esquerda, inclinei ligeriamente a cabeça pro lado e lancei sobre ela um olhar tão maquiavélico, que qualquer diretor de novela que me visse naquele momento me contrataria fácEl.
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E eis que hoje foi o meu dia! Bem de manhã, para meu deleite, peguei o ônibus dela e quando a avistei decidi não pagar a passagem com a quantia certa: passei pela roleta e saquei uma retumbante nota de 50 contos! Ahhh. Finalmente aquele era o meu momento!
A candanga me olhou com a quela cara de forévis, mas dessa vez um forévis muito enfurecido, e disse:

-Pô, você não tem nota menor?
- Não, querida.
- Não tenho troco pra 50.
- Ahh, sinto muito. Cê deve saber melhor do que eu que "o trocador é obrigado a dar até 20 vezes o valor da passagem". Ou então fico sem pagar, né, já passei pela roleta. - falei com ar de invicta.

Ela teve de pedir pro motorista parar, desceu, foi pruma birosca e finalmente trocou a nota, em meio a gritos de "vamo logo cobradora". Voltou bufando feito um búfalo (bill) e quase quebra minha mão entregando o fazmerrir.

Mas eu ainda não estava satisfeita e então, para fechar com chave de ouro, repeti:

- Oi. Quanto é a passagI meRmo?
- 3,65
- Ih, acho que você me deu a m...
- 46,35. Exatamente, o que você deve receber!
- Poi zé, mas é que você me deu a mais, queriiida! - E balancei uma nota de 5 reais que fingi que havia sobrado. - Mas só de sacanagI não vou te devolver, porque isso é exatamente o que eu devo receber por ter que aturar sua falta de educação! [Tá, eu confesso que parei no "não vou te devolver" porque a fúria do momento me impediu de fazê-lo...]

Peeen! Fim de round! Consegui realizar a paradoxal tarefa de me vingar dando troco, sem devolver o troco. Rá. Verônica, atriz, e o terror das trocadoras.