terça-feira, 9 de março de 2010

A tragédia: O script das adversidades.

"A dor é inevitável. O sofrimento é opcional" (Carlos Drummond de Andrade")
"Se a vida te der limões, faça uma limonada";
"Não há nenhum mal que dure para sempre...";
"O que não mata, fortalece".
"O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem de manhã". (Sl 30.5)

Bom, já que a vida é mesmo um roda-gigante com seus altos e baixos, e estamos cientes disso, por que sempre sofremos novamente? E de novo. De novo. Again?

Sabemos que tudo passa. E passa mesmo. Tudo serve como um grande aprendizado, however, nunca aprendemos. Olha que coisa!

Quando estamos em meio a problemas, (seja uma doença ou um pé na bunda), mais a frente virá um outro e bem pior. É certo! (otimismo sempre!)

A consequência? Nos abatemos, choramos, resmungamos, lamentamos, nos matamos, matamos aos outros, pensamos "dessa vez não tem jeito", "eu tenho um carma", "que vida horrível", etc etc etc....
Aí, depois tudo se resolve, e nos levantamos, e achamos a vida linda, e queremos abraçar o mundo, e ensinar o que aprendemos, e achamos que somos fortes, e, mais tarde... Adivinhem!
O filme se repete.
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Então, se sofrimento é para nos fortalecer, por que nunca estamos fortes o suficiente para não sofrermos mais? Ficamos fortes e, mais tarde, logo vêm coisas piores. E nos enfraquecemos...
outra vez...
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Mas eis que vos digo a resposta! Eu fiSÓLOfa nas horas vagas ou não, refRetindo sobre a vida, cheguei às seguinte conclusões, já óbvias, all right:

- De nada adianta ficarmos nos lamentando por aí. Isso só piora.
Curtir uma fossa é até bom. Todavia só durante pouco tempo. É bom chorar, repensar algumas coisas, procurar o erro (se é que ele existe no caso), a fim de que não cometamos outra vez.
Mas levar muito a sério o lema da hiena Hardy "Oh céus! Oh vida! Oh azar" só nos faz condicionar o cérebro (viu, nada de céLebro, caros leitores obtusos queridos) para tal descontentamento, além de torrar o saco daqueles que estão ao nosso redor.


- Os problemas podem até não nos tornar o Hulk no quesito "força", porém, com certeza, nos fazem valorizar muito mais a vida.
Por exemplo: quando eu ainda não trabalhava e estava em férias (na escola, na facul) não entendia o porquê das pessoas exaltarem tantos as sextas-feiras e feriados. Acreditava que eram dias normais, como quaisquer outros.
Era só eu voltar a estudar e/ou começar a labuta, que logo estava eu ali procurando, ansiosa, pela próxima vacation ou aguardando dizer "Hoje é seXta-feira!".
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Se todos os dias fossem domingo, seriam da mesma monotonia das segundas, terças, quartas...
Se todos os dias fossem de sol, não apreciaríamos de maneira tão intensa o céu azul e limpo como o fazemos depois de dias ininterruptos de chuva.
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Machado de Assis, em sua divertida Memórias Póstumas de Brás Cubas, embasa metadêntrica (ã?) e metaforicamente o que supracitei:

“(...) e fui descalçar as botas que estavam apertadas.
Uma vez aliviado, respirei à larga, e deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e todo eu atrás deles, entrávamos numa relativa bem-aventurança.
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Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar.
Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata, ao sabor dos sapateiros e de Epicuro.
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Enquanto esta idéia me trabalhava no faoso trapézio, lançava eu os olhos para a Tijuca, e via a aleijadinha perder-se no horizonte do pretérito, e sentia que o meu coração não tardaria também a descalçar as suas botas. E descalçou-as o lascivo. Quatro ou cinco dias depois, saboreava esse rápido, inefável e incoercível momento de gozo, que sucede a uma dor pungente, a uma preocupação, a um incômodo…
Daqui inferi eu que a vida é o mais engenhoso dos fenômenos, porque só aguça a fome, com o fim de deparar a ocasião de comer, e não inventou os calos, senão porque eles aperfeiçoam a felicidade terrestre.
Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas.” (XXXVI)

Escreva que eu te leio

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Ai love you beibe Pa ra ra ra ra ra ra.